17 de março de 2010

BikeRide - Alcoutim a Faro

Após alguns dias de espera lá consegui fazer o passeio que planeei, que consistia partir de Alcoutim de bicicleta e seguir até Faro pela http://www.viaalgarviana.org/ é certo que não fiz o percurso todo e tive que arranjar uma alternativa isto porque no percurso da Algarviana não conseguia pedalar nas subidas e a descer tinha que estar sempre a travar fazendo que a carga andasse aos pulos, decidi então e após o primeiro dia onde pernoitei no Zambujal (Vaqueiros) que iria fazer o passeio mas por estradas secundárias que ao fim ao cabo a paisagem não iria fugir muito do que estava á espera. O passeio foi agradável, tirando a sua dificuldade mas era mesmo isso que procurava, conhecer-me em situações de "aperto" e dar valor a pequenas coisas que diariamente nos passam um pouco ao lado assim como um duche de agua quente, estar com aqueles que gostamos, um pouco de pão nem que este seja de ontem. Dava por mim a cumprimentar os velhotes com quem me cruzava nas aldeias, umas para pedir informações outras por nada.
O passeio começou no primeiro troço que encontrei perto de Alcoutim, o Bruno deixou-me lá de carro e ai fui eu, comecei a pedalar, e dou por mim e zasss.? "então e os sinais desta suposta via?" não é que tinha passado por um e não o tinha visto? "comecei bem sim!" olhei para trás e vejo o serro que tinha acabado de descer, "fogooo lá vou ter que fazer isto tudo outra vez" enfim... peguei em mim e lá comecei a subir prometendo a mim mesmo que estaria mais atento e que ainda bem que foi logo no inicio que isto aconteceu de modo a estar mais atento, assim foi, quando chego ao cimo do Serro vejo um apicultor que me dá uma indicação, "Balurcos? fica para ali uns 3 km" e assim foi, passei por Balurcos e por muitas outras aldeias sendo sempre acompanhado por ribeiras, cursos de agua, perdizes, coelhos, rolas e até duas cobrinhas.
Após alguns km dou por mim perante um obstáculo, isto é, entre onde eu estava e o lado que queria seguir estava a ribeira da Foupana com agua fresquinha e forte corrente, vindo-me logo á memória cenas do "Into The Wild" e eu mesmo não querendo ter que passar pela ribeira senti uma enorme vontade de fazer, afinal era isto que procurava quando tirei o cú do sofá. Descalço-me e faço um pequeno teste, meto os pés na agua e vejo o local menos fundo de modo a poder atravessar, a coisa não foi fácil pois a agua empurrava ribeira a baixo tive então que encontrar uma zona de menos corrente, olhei, olhei e vi uma zona mais alta onde parecia que a agua estava mais calma, voltei atrás peguei na bicicleta e joguei aos ombros como se fosse uma saca de batatas. "uiiii mas onde é que me meti, agora não posso voltar atrás, ja tenho os tomates que nem umas ervilhas e estas pedras com a corrente mal me deixam andar, fogoooo não posso voltar atrás nem baixar a bicicleta senão molho o saco cama, maquina fotográfica, comida, o telemóvel que poderá fazer falta.... lá vou ter que aguentar" naquele instante pensei cá para mim " não querias aventura?! então toma a aventura!". Após a passagem da ribeira mal tinha forças para continuar mas a felicidade era tanta que quase desatei a correr, "bem... o mais difícil já passou" pensei eu, mas quando olho para a nova margem, aquela onde tinha escolhido atravessar, não vejo nenhum sinal, nem á esquerda nem á direita, apenas um monte de vegetação. Olhei para o mapa, vezes e vezes sem conta para tentar perceber onde tinha atravessado a ribeira e só assim consegui arranjar caminho, "ora nem mais, tinha que ser! mais um serro para subir".
Continuando a pedalar lá fui ter ao Zambujal que quase passava sem parar quando uma voz que diz " Hey! ciclista onde vais com essa pressa toda?" era a Sílvia uma amiga minha que se dispôs a ajudar, eram cerca 17h e estava a familia toda em casa, lanchamos e trocamos umas palavras, dei um maravilhoso banho e dormi numa cama quente, pensei cá para mim " Então?! não vinhas á procura de aventura? porque não dás uso ao saco-cama? mas que fraquinho tu és! " respondendo a mim mesmo " Sim, sim com o friozinho que tá lá fora que vou eu fazer" e por ali me deixei acolher.
No dia seguinte ainda tinha muito que pedalar por isso acordei ás 8h15 tomei o pequeno almoço e segui viagem, despedindo e agradecendo ao Sr. Mário e esposa pela sua hospitalidade.
Pedalei... pedalei, parei e descansei, voltei a pedalar a parar e a descansar. " Maldita serra que isto é sempre a subir, eu quero chegar ao céu mas ainda sou novo" pedalei, pedalei passando por Malfrades,Vaqueiros, Bentos, Madeiras, Monchique, Amoreira, Alcarias Baixas, Casas Baixas, Cachopo, Currais, Feiteira, Montes Novos até que finalmente chego ao Barranco do Velho, o ponto mais alto que teria de passar neste dia, deixando para trás eses e mais eses de estradas a subir. " Uiii já faltam só 30 km para Faro, hummmm vou para casa ou ainda passo em Salir?" decidi continuar pois ainda eram 14h e até ás 19h horas que o sol desaparecia ainda faltava tempo, desci, desci, desci sempre a descer até Salir, fui em direcção á Nave do Barão e vi que a lagoa que esta sempre seca durante todo o ano e muitos Invernos, neste estava cheio de água e de gaivotas, não fosse esse o apelido do rapaz que ia visitar por aquelas paragens. Chegando a sua casa a mãe dele preparou-me logo uma omeleta com 4 ovos, umas azeitoninhas e uma saladinha, " Mas que saciado eu estou, a comer assim mais logo não me levando da cadeira". Entretanto o Bruno chega e trocamos umas palavras, tiro o saco cama e a tenda e dou-lhe decidindo continuar até Faro nesse mesmo dia... "sem carga é mais fácil" pensei cá eu, fácil antes de começar, pois até as rectas pareciam subidas, continuei pois já não havia volta a dar, pedalei, pedalei passando por Monte Seco, Parragil, São Sebastião, Loulé, Goncinha, Patacão e finalmente Faro.
Resumindo foram uns dois dias de passeio que irão ficar na memória, e mais uma para contar aos netinhos.


2 comentários:

  1. Deixaste-me com vontade de arranjar um bicicleta e correr o mundo...tenho saudades de quando andava dias inteiros de bicicleta. Hoje pergunto-me se ainda saberei andar...
    Isso é que foi uma aventura, não sei como és capaz de ir sozinho.

    beijinhos**

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  2. Bela aventura.
    Só falta umas fotos para o regalo da vista.
    O ano passado fiz a Via Algarvia e fiquei com a sensação de estar a viajar numa terra diferente do meu Algarve e eu sou algarvio e vivo na serra. São sentimentos inesplicáveis e que aconselho a quem tenha um pouco de vontade a arriscarem a fazer.

    Fernando Dias
    Martim Longo

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